Aguiar-Branco: "não gosto quando o escrutínio político se transforma em julgamento popular"

por Antena 1

Na última entrevista como presidente da Assembleia da República (PAR), José Pedro Aguiar-Branco considera que as eleições eram evitáveis. Na sua opinião não havia matéria para o Governo cair, até porque, diz, o primeiro-ministro não escondeu nada.

Em entrevista ao podcast da Antena 1 Política com Assinatura, José Pedro Aguiar-Branco critica aquilo que diz ser julgamentos populares que extravasam o escrutínio político acerca da empresa de Luís Montenegro.

É perigoso” acrescenta porque “nunca se consegue esclarecer nada”. Aguiar-Branco defende que o primeiro-ministro “declarou e houve acesso” à situação que envolve a empresa Spinumviva. “Coisa diferente é o acesso à atividade da empresa” e isso, diz o PAR, é preciso “ver onde começa e acaba aquilo que é dimensão judicial". José Pedro Aguiar-Branco defende, por isso, que “não havia matéria que justificasse que se fosse para eleições”. Enquanto presidente da Assembleia da República diz estar tranquilo com a forma como geriu a discussão da moção de confiança que ditou a queda do Governo. Para si não foi um momento “dramático” e acredita que a sua intervenção junto da AD e do PS não teria feito a diferença. Nesta entrevista à Antena 1, Aguiar-Branco recomenda aos partidos que abram o jogo e digam o que podem ser os cenários após as eleições, em caso de nenhum partido conseguir votos suficientes para governar.

Afirma que é “um bom princípio dar pistas sobre o day-after", até porque a geringonça, diz, foi “uma surpresa que, do ponto de vista eleitoral, não diria que foi das mais transparentes”. E espera que as eleições de 18 de maio sirvam para que os eleitores possam “sancionar” os partidos que não cumpriram o prometido. Ainda não é o adeus à política. Ao contrário do que pensou em 2019, quando abandonou o lugar de deputado e não integrou as listas para as legislativas, Aguiar-Branco admite agora que está disponível para ajudar o país porque “a exigência de intervenção é maior” do que em 2019. Nesta entrevista reafirmou o que já tinha dito: o debate acerca das presidenciais “começou cedo demais”. Acredita que a realidade acabou por lhe dar razão, porque agora o “debate é para as legislativas”. Entrevista conduzida por Natália Carvalho, editora de política da Antena 1.
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